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Novo artigo mostra que herbicidas e fungicidas também podem afetar abelhas nativas

Ingrid N. Gomes, Lessando Moreira Gontijo, Maria Augusta Pereira Lima, José Salazar Zanuncio Jr & Helder Canto Resende. The survival and flight capacity of commercial honeybees and endangered stingless bees are impaired by common agrochemicals. Ecotoxicology (2023) 32:937–947

Herbicidas e fungicidas também podem ameaçar as populações de abelhas! Esse trabalho recentemente publicado por membros do @labeegen em colaboração com outros pesquisadores nos fornece evidências para essa afirmação ao avaliar a toxicidade de diferentes classes de agrotóxicos (inseticida, herbicida e fungicida) para a abelha nativa do Brasil e ameaçada de extinção, Melipona (Michmelia) capixaba, a uruçu-capixaba, e para a espécie exótica Apis mellifera. O inseticida thiamethoxam, como esperado, foi altamente letal para as abelhas das duas espécies que entraram em contato ou ingeriram alimento contaminado, independente da dose utilizada. A dose recomendada para uso em campo do herbicida glifosato também foi altamente tóxica ao causar mortalidade de mais de 90% das abelhas M. capixaba e 68% dos indivíduos de A. mellifera após ingestão. As duas doses do fungicida mancozeb causaram mortalidade apenas para A. mellifera, mas também foi nocivo para a uruçu-capixaba ao afetar sua capacidade de voo. Por fim, nenhum desses agrotóxicos repeliram as abelhas que se alimentaram das soluções contaminadas com esses produtos. Esses resultados alertam para a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa de herbicidas e fungicidas, comumente considerados menos tóxicos para as abelhas, uma vez que esses agrotóxicos são amplamente utilizados no Brasil e podem causar mortalidade e alterar a capacidade de voo das abelhas, como demonstrado no estudo. Além disso, levando em consideração a importância ecológica da abelha M. capixaba e as ameaças que suas populações vêm enfrentando, é fundamental considerar a adoção de medidas de boas práticas agrícolas em sua área de ocorrência natural. Essas medidas incluem evitar a aplicação de agrotóxicos, principalmente não repelente, em períodos de floração das culturas e de maior florescimento das plantas nativas do entorno, adoção do manejo integrado de pragas, incluindo métodos biológicos, e escolha de produtos de baixa toxicidade para as abelhas.


Para saber mais sobre essa pesquisa acesse o link: https://rdcu.be/dmIR9
Esse trabalho foi financiado por: CAPES e Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

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